quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

EDUCAÇÃO: Como educar seu filho para um mundo multicultural

Em São Paulo, crianças prestam homenagem às vítimas do ataque ao jornal


Os atentados mais recentes ocorridos na França reacendem uma discussão que ultrapassa fronteiras, sobre a necessidade cada vez maior de uma educação multicultural, num mundo em que convivem grupos étnicos muito diferentes entre si, seja pela língua, valores, origens ou crenças religiosas.
A educação multicultural, para muitos, parece simples e óbvia: apresentar às crianças os aspectos das diferentes culturas e ensiná-los a apreciar o que elas têm de fascinante e inusitado. Na verdade, esse é um primeiro passo, mas o principal deveria ser cuidar das atitudes, tanto em casa como na escola.
Pense a respeito: quantos exemplos de intolerância ou de preconceito as crianças presenciam hoje? Essas posturas aparecem o tempo todo, tanto nas conversas do dia a dia, como nos posts das redes sociais. Basta entrar numa delas para ler frases como, por exemplo: “Tenho medo de viajar porque os aeroportos estão cheios de muçulmanos”, ou “o Brasil está criando um problema ao deixar entrar imigrantes haitianos e sírios”; e assim por diante.
Essas visões de mundo são, muitas vezes, acentuadas nos modelos de educação tradicional, nos quais o padrão a ser buscado é o dominante e cabe à escola apagar as diferenças entre os indivíduos. Para isso, busca reforçar as identidades e os comportamentos hegemônicos por meio de rotinas e disciplinas, uniformes, conceitos memorizados e repetidos, vigilância permanente, avaliações punitivas.
Nas escolas mais modernas, tem se buscado implantar uma educação multicultural, que parte do princípio de que o futuro de nossa sociedade é pluralista. Cada vez mais teremos, nas mesmas salas de aula, uma enorme variedade de grupos sociais, culturas e idiomas, com estudantes provenientes de grandes centros urbanos, das periferias e de áreas rurais. Isso requer que os professores, além de estimular o conhecimento mútuo e o respeito de uns pelos outros, adotem estratégias que garantam que todos aprendam igualmente e possam alcançar sucesso na escola e no mercado de trabalho.
Em casa, também se pode implantar um modelo de educação multicultural. O princípio é justamente ensinar aos filhos que aprendemos com as diferenças e elas nos enriquecem. Mas como não é fácil conviver com o divergente, é preciso dar o exemplo. Para isso, permita que seus filhos se expressem na sua diversidade e acolha as suas formas de pensar. Mostre na prática que é possível construir uma sociedade tolerante e inclusiva.
A casa é um laboratório do mundo. As relações que se mantêm na família ensinam mais do que muitas aulas da escola. É no dia a dia que a criança pode aprender a reproduzir a sociedade ou a transformá-la; a perpetuar as injustiças ou a batalhar por um mundo justo e solidário.
Dicas práticas
>> Explique a seu filho o que é um “pré-conceito”: julgamento feito antes de conhecer a pessoa. Mostre exemplos de preconceitos: racial, social, sexual.
>> Peça que seu filho reflita: é possível julgar alguém só pela aparência, pelo jeito de vestir, ou pela nacionalidade, sem conhecer bem a pessoa que ele é?
>> Pergunte a ele: como você se sentiria se fosse avaliado em função de um estereótipo, como: “Os jovens só querem saber de festas”, ou “todas as crianças são preguiçosas”?
>> Dê exemplos para comprovar que as pessoas podem pensar de formas diferentes, mas todas têm o direito de expressar seus pontos de vista.

>> Discuta com seu filho a célebre frase atribuída a Voltaire: “Posso não concordar com nenhuma das palavras que você disser, mas defenderei até a morte o direito de você dizê-las”. Pratique isso em sua própria casa.

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