terça-feira, 29 de outubro de 2013

Diego Costa: seu país é onde se sente feliz


Não serei eu a julgar Diego Costa por ter decidido atuar pela seleção espanhola e não pela brasileira. Seria fácil e tentador ter um ataque de patriotismo e condenar o jogador que, convocado por Luiz Felipe Scolari, preferiu manifestar vontade de jogar pela Espanha. Porém, se eu fizer o simples exercício de me colocar no lugar do homem que está sob os holofotes  entenderei suas razões e não me atreverei a lhe apontar o dedo.
Diego Costa não jogou profissionalmente no Brasil. Sua carreira foi construída degrau por degrau entre Portugal e Espanha. O técnico da seleção brasileira, atento como deve ser, anteviu sua qualidade e o convocou, mas não o colocou como titular. Neste ínterim, o atacante passou a se destacar fulminantemente no Atlético de Madrid. Diego Simeone montou um esquema em que Diego Costa vira o centro do time. Não na criação, claro, mas na forma como todo time joga para que Diego Costa fique em condição, mais de uma vez por partida, de definir com os pés ou de cabeça a favor de sua equipe. A resposta foi imediata no time madrilenho, Diego Costa é goleador do campeonato espanhol, assumiu a personalidade de quem sabe ter importância especial no seu contexto e, então, parece ter decidido de vez que deveria retribuir o que o futebol espanhol deu a ele até hoje. A saber:  reconhecimento, carinho, estabilidade financeira. Não foi no Brasil, foi na Espanha. Logo, sua atitude de manifestar-se mais espanhol do que brasileiro reflete o que foi sua vida até aqui.
O fator técnico é outro que deve ter pesado para que Diego Costa tomasse a decisão que tomou. No time brasileiro, disputaria vaga com atacantes que estão à frente na confiaça de Luiz Felipe Scolari. Fred foi decisivo na Copa das Confederações, Jô entrou no decorrer dos jogos e deu a melhor das respostas. De outra parte, a Espanha tão rica em meiocampistas armadores vive entressafra de atacantes. Villa não tem sido o mesmo de seus melhores tempos de Valência ou Barcelona. Soldado é bem menos do que os demais. Fernando Torres  um eletrocardiograma.  Negredo é o titular atual, ninguém lhe asseguraria titularidade absoluta. Neste contexto, Diego Costa, até pelo ingrediente emocional de mostrar tanta vontade de jogar pela Espanha,  tem campo aberto para assumir a camisa nove da seleção campeã do mundo e fazer história.
Aliás, seria uma história e tanto se Diego Costa desse uma declaração agradecendo por tudo que a Espanha lhe dá e anunciasse sua opção por jogar a Copa do Mundo pela seleção de sua terra natal. Fecharia telejornal, abriria manchete de caderno de esportes, não tenho dúvida. Porém, insisto, não serei eu a condenar sua decisão de tornar claro algo que só com muita coragem é possível assumir.
Diego Costa concluiu que seu país é onde se sente feliz.

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