quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

“Olho por olho, dente por dente”. Você concorda?

raquel sheherazade sbt Olho por olho, dente por dente. Você concorda?
A violência assumiu um patamar assustador. Vivemos amedrontados. Um medo que beira a histeria. Uma breve história pessoal para ilustrar o nível de pânico a que chegamos: ontem, meu filho caçula demorou 10 minutos para ser encontrado no colégio onde estuda. Fiquei descontrolado. O garoto estava apenas vendo um ensaio de dança após o término das aulas e, como toda criança, ficou distraído e esqueceu de avisar aos coordenadores. Enquanto o moleque não aparecia com um ar de quem não entendia tanta agitação, eu sofria no inferno dos infernos, imaginando as maiores barbaridades.
A polícia desmoralizada e desmotivada só amplia a insegurança cotidiana. Isso nas capitais e no Brasil mais profundo. Foi-se o tempo em que morar no interior era sinônimo de uma vida mais tanquila. Basta olhar o ranking das cidades mais violentas do país para ver que não existe paz em lugar nenhum. Não tenho uma resposta para combater essa violência crescente. Sei apenas que algo precisa ser feito. Nossas autoridades estão perdidas, atordoadas, batendo cabeça. Vejam o que acontece atualmente no Distrito Federal. Lá, os policiais recebem os maiores salários do país e, mesmo assim, fazem uma operação tartaruga, também conhecida como corpo mole. E o governador? Bem, o governador finge que detém o poder e a população fica emparedada entre a inação e a sordidez.
Não estou entre aqueles que veem apenas na proverbial desigualdade social do Brasil a razão para essa violência. A pobreza que gera a desesperança é, sim, um elemento importante para que os índices de violência não parem de aumentar. Mas, existem outras razões. E não tenho dúvidas de que uma delas é a frouxidão das nossas leis. O rico não vai para a cadeia porque o dinheiro dado a bons advogados impede e o pobre é beneficiado pela enxurrada de atenuantes e benefícios contidos no nosso Código Penal. Isso sem falar na lerdeza da Justiça.
O bandido perdeu o medo. Da polícia e da Justiça. Sabe que mesmo um advogado de porta de cadeia vai encontrar uma brecha para soltá-lo. E se, por um descuido, for trancafiado, vai continuar com seu ofício de dentro da prisão.
A certeza da impunidade é que faz com que sejamos um país a cada dia mais violento.
Com esse pano de fundo, compreendo aqueles que se revoltam e querem justiça de qualquer modo. A qualquer custo. Não apenas a "justiça" punitiva, mas a vingativa. Mas, nessas horas precisamos manter o equilíbrio e contermos nossa revolta. Não podemos fazer justiça - ou arremedo dela - com as próprias mãos. Aí vira barbárie. Voltamos à Idade da Pedra. O processo civilizatório é um ganho da humanidade. Criamos leis para podermos conviver em harmonia. Desajustes pontuais não podem nos levar de volta às cavernas. Se a lei é falha, vamos pressionar os políticos para que a mude. Mas não pegarmos em arma e sairmos por aí como "justiceiros".
A apresentadora do SBT, Rachel Sheherazade, fez um discurso em defesa dos "justiceiros" que surraram e prenderam um menor infrator a um poste no Rio de Janeiro. Não me causa surpresa que ela esteja sendo amplamente aplaudida nas redes sociais. O nível de violência a que chegamos produz essa insensatez coletiva.
Quero apenas lembrar a Sheherazade e a todos que a apoiam que não é ferindo a lei que vamos alcançar justiça. E que a Lei de Talião não é a solução para os nossos males. Se vigorar o "olho por olho, dente por dente",  sobrará apenas um homem na face da terra.
E ele, com certeza, estará cego e banguela.

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