O relógio
marcava 20h, na terça-fera, 8, quando Érika Wasconcelos, 25, e outros
três travestis chegaram à avenida Fernandes da Cunha (Roma), a poucos
metros da Praça Irmã Dulce.
Este se tornou o
mais recente ponto de prostituição de travestis em Salvador.
Exibindo-se para quem passa de carro ou a pé, os sete travestis que ali
fazem ponto esperam por clientes dispostos a pagar entre R$ 20 e R$ 80 -
a variação do preço é devido à preferência do cliente, que pode
escolher sexo oral, ser ativo ou passivo.
O que os leva
às ruas é a necessidade. "Ninguém nos dá emprego. Eu quero sair daqui,
tenho o ensino médio completo. Mas não acho emprego", disse Érika, que
se prostitui desde 2011. "Eu comecei na Calçada, mas as bichas de lá não
queriam que eu ficasse no local", conta. Érika é uma exceção entre as
colegas de ponto, ao menos num sentido. "Moro com minha mãe, no
Subúrbio. E com minha irmã de oito anos".
A maioria dos
travestis ouvidos por A TARDE, em Roma, contou ter relação conflituosa
com pais e familiares, o que motivou a saída prematura de casa. É o caso
de Thallia Dhiessika, de 19 anos, que morava em Conceição do Jacuípe.
"Sofri muito com o preconceito do meu avô. Aí vim para Salvador", contou
Thallia, que acrescentou outro motivo para se prostituir: "Aqui o
dinheiro vem fácil". Também impressiona a percepção distorcida da
violência sofrida.
Ao ser
perguntada sobre agressões, Érika respondeu: "Nunca fomos agredidas,
nunca mesmo. Só às vezes é que passam e jogam ovo ou pedras". Já Emilly,
20 anos, que se prostitui desde os 15, falou: "Não quero que ninguém
goste de mim. Só quero que me respeitem".
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