BRASÍLIA - O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, denunciou o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) por lavagem de dinheiro e corrupção passiva, e a ex-deputada e prefeita de Rio Bonito Solange Almeida (PMDB-RJ) por corrupção passiva, além do senador Fernando Collor (PTB-AL), também por corrupção. As denúncias foram protocoladas no Supremo Tribunal Federal (STF) nesta quinta-feira.
Na denúncia contra Cunha e Solange Almeida, procurador-geral pede que os envolvidos nas fraudes devolvam U$ 80 milhões aos cofres públicos. Deste total, US$ 40 correspondem aos valores desviados. Outros US$ 40 milhões são relativos a reparação aos danos causados a Petrobras. Segundo o procurador, o suborno a Cunha e a outros supostos envolvidos nas fraudes foi pago no exterior, com contratos de consultoria fajutos, emissão de notas fiscais frias e até transferência para uma igreja vinculada a Cunha.
Cunha está reunido com deputados na Presidência da Câmara. A assessoria dele diz que ele só vai se pronunciar depois de conhecer a denúncia.
Na denúncia sobre os supostos crimes praticados por Cunha, Janot fez uma citação de Mahatma Gandhi logo na primeira página:
"Quando me desespero, eu me lembro de que, durante toda a história, o caminho da verdade e do amor sempre ganharam. Têm existido tiranos e assassinos, e por um tempo eles parecem invencíveis, mas no final sempre caem. Pense nisto: sempre."
O dinheiro da fraude teria sido repassado à igreja a título de doação de caráter religioso. Pelo aluguel de dois navios, o Sonda Petrobras 100000 e o Vitoria 10000, a Petrobras teria desembolsado US$ 1,2 bilhão. O pagamento de propina para Cunha e outros envolvidos nas transações seria superior a US$ 40 milhões. À época da assinatura do primeiro contrato, no valor de US$ 586 milhões, a diretoria Interacional estava sob o comando de Nestor Cerveró, Parte das transações foram intermediadas pelo lobista Fernando Soares, o Baiano, apontado como operador do PMDB de Cunha na Petrobras.